Sem Excesso de Bagagem
Às vezes enfrento o desconhecido,
Abro mão da muleta e dispenso o medo,
Tem dias que me recolho,
Coloco meus caquinhos no bolso e aguento firme,
São fragmentos de uma vida,
Vida essa como outra qualquer,
Cheia de encontros e partidas,
Coisas mal resolvidas,
O que difere um pouco é uma bagagem adquirida ao longo da estrada,
Isso não impede de prosseguir, apenas dificulta a caminhada,
Guardo a sete chaves, ninguém imagina como é carregar esse pesinho,
De vez em quando mexo um pouquinho, observo, troco o curativo,
Até arrisco levar para passear,
Quando a dor insiste em retornar cantarolo uma canção de ninar,
Só para aquietar os fantasmas, depois torno a guardar com cuidado,
Ainda não está pronto para encarar o mundo,
O tempo tem sido gentil, ajudado,
Com esforço e auxílio o pesar diminuiu,
Mas ainda resta alguns resquícios,
Tem dias que me protejo, outros precipito,
Há vezes que me envolvo com um tecido tão leve e começo a dançar lá no alto,
Erguendo meu corpo sobre o parapeito,
Arriscando tudo, provocando o medo,
Não importa se é um jeito ou outro,
Confiante ou um pouco arredio,
Nunca deixo de entregar o bem mais precioso: meu coração.