Beleza Fabricada

A perfeição de um rosto, corpo,

O manequim trinta e seis,

Beleza fabricada, inventada, retorcida, distorcida,

Uma embalagem impecável,

O belo que é associado a um padrão,

Tido como norma, imposição,

Repuxa daqui, desmantela dali,

Nesse vai e vem só se ouve o som do bisturi,

Remodelando, reconstruindo novas faces,

Como quem está diante de uma escultura,

Esculpe a seu gosto,

Mexe um pouquinho no busto,

Seca o abdômen,

Afina a cintura,

Empina o bumbum,

Arrebita o nariz,

Ainda não está pronto,

Coloca mais silicone,

Modifica, desestrutura, plastifica,

Como se a beleza estivesse sobre a mesa de cirurgia,

Venham todos curar os males!

Renovar suas vidas!

Corpos plastificados, retorcidos, mutilados,

Uma intervenção atrás da outra,

No final de tudo isso não é possível reconhecer o ser humano,

Só uma dúvida, por acaso nos relacionamos somente com os corpos?

O corpo é apenas abrigo de uma existência,

Morada de uma alma,

Pode até ser o primeiro atrativo, mas e após isso, resta alguma coisa?

Ou somente um amontoado de partes suculentas que com o tempo perde o sabor,

O belo que a sociedade inventou é um cárcere,

Uma beleza que não aceita o jeitinho de ser de cada um é sistema ditatorial,

Fazer parte disso é como tentar caber dentro de uma caixinha e ficar exposta numa vitrine,

Uma série de bonecos perfeitinhos, sem expressão,

Sem vontade própria, sem movimento,

Grande engano e desperdício é a beleza perecível,

O mundo está cheio de criaturas monstruosas encobertas por rostinhos angelicais.

Franciliane Alves
Enviado por Franciliane Alves em 25/06/2016
Reeditado em 30/06/2016
Código do texto: T5678415
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