E agora, Drummond?

Não tirei as pedras do caminho,

E nem a lua nem o conhaque me comoveram...

Não acabou a festa, minha luz não apagou!

Do meu anjo torto não tenho lembranças...

Mundo mundo vasto mundo,

Se eu vivesse em silêncio profundo,

Seria um pseudo-nada perdido na imensidão;

Mundo mudo vasto e imundo,

A maldade subjugou a rima!

Se fossem apenas as pernas...

Para que tantos olhos, meu Deus,

Perguntam os olhos meus.

Espere... Não é tempo de absoluta depuração?

Viver é uma ordem! Ordem e progresso,

Os corações secos tecem um trabalho maquiavélico.

Por que é micro e não macroeternidade?

Quem vai saber os limites da propriedade?

Para que as retinas?

Para que não esquecer?

Para que, como o quê, por quê?

O coração ficou confuso e perdido,

O Não sem sentido.

O olvido insensível e a mão tangível

Pensaram que o infindo, embora lindo,

Justamente lindo, seria esquecido...

E aquele que amava aquela que amava o outro que amava

Sei lá quem que não amava ninguém,

Acabou amando a si mesmo, em jardins ilógicos...

E aquela flor que furou o tédio, o nojo, o ódio?

Ah, aquela... Virou amarela e medrosa.

E o título? Dizia isso, fazia aquilo.

E ainda é irônico, ainda desliza, ainda tem ritmo,

Ainda é brasileiro e moreno.

Ainda é, sobretudo, poeta.

Os acontecimentos, as retinas?

Fatigaram-se após o legado do mundo!

E criou-se o terreno para flores novas,

Para criação de novas chaves, para o saber do amar é.

E agora, José?

E agora, Carlos?

Quem é que se esconde?

E agora, Carlos?

José, para onde?

João Guilherme Magalhães Monteiro de Almeida
Enviado por João Guilherme Magalhães Monteiro de Almeida em 18/07/2007
Reeditado em 21/09/2007
Código do texto: T569981