Por Minha Paz

Procurei n'um alforje já bem velho,

um que tenho guardado dentro da minha alma,

umas palavras boas que um dia recebi,

d'um que quis um bem me fazer.

Ao tempo de te-las ganho,

confortei-me de umas amarguras,

e sarei d'umas dores.

Depois quis guarda-las seguras pra que não me escapassem,

e para que o tempo não as roesse,

Como ele rói aqueles que o marcam.

A este tempo e vendo-te

Quis presente-a-las a ti,

Para que aquele bem que expressavam

pudesse ainda confortar.

Mas creio já te-las esquecido,

Talvez, tenham sido os solavancos que o viver constrói

Que me fê-las perder

Ou, quicá, vazaram daquele meu velho alforje.

Fique, então, com estas que lembrei

dou-te-as por minha paz:

Zela-te de ter contendas com o tempo,

pois, se tu o marca, ele te rói

Ediondo
Enviado por Ediondo em 18/07/2016
Reeditado em 28/08/2020
Código do texto: T5701927
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