Por Minha Paz
Procurei n'um alforje já bem velho,
um que tenho guardado dentro da minha alma,
umas palavras boas que um dia recebi,
d'um que quis um bem me fazer.
Ao tempo de te-las ganho,
confortei-me de umas amarguras,
e sarei d'umas dores.
Depois quis guarda-las seguras pra que não me escapassem,
e para que o tempo não as roesse,
Como ele rói aqueles que o marcam.
A este tempo e vendo-te
Quis presente-a-las a ti,
Para que aquele bem que expressavam
pudesse ainda confortar.
Mas creio já te-las esquecido,
Talvez, tenham sido os solavancos que o viver constrói
Que me fê-las perder
Ou, quicá, vazaram daquele meu velho alforje.
Fique, então, com estas que lembrei
dou-te-as por minha paz:
Zela-te de ter contendas com o tempo,
pois, se tu o marca, ele te rói