Amor imortal
Sentei-me no sofá da sala
Com algumas peças de roupas na mala
Decidido a não mais voltar.
Sobre a língua um gosto amargo
E o coração pedindo para ficar
A mente me gritava-te largo.
A noite passava por mim
Fingindo que nem me conhecia
Sofria eu com tanta agonia
Parecia infinito, sem fim.
Ela chorava tão perto no quarto
Magoada por discutir
Eu transbordando de dor a beira dum infarto
Sem forças para sair.
A face tremia sem parar
Os olhos queimavam como fogo
Louco que ela implorasse para se deitar
E que a gente recomeçasse um novo jogo.
Dois dependentes em demasia
Sofrendo pelas agressões depravadas
Ingenuidades hipocrisias
Motivos banais vindo do nada.
Por quantas vezes já havia sentado lá
Ficando postado naquele canto
O melhor braço direito do sofá
Olhar marejando em pranto.
Quando mais tarde de posse da calma
O arrependimento começava a surgir
Ela reascendia de novo minha alma
De pé na porta numa transparente lingerie.
Olhando para mim sem emitir um sinal
É nessa hora que a gente se perdoa
Alimenta desse amor que parece imortal
Em contato direto como agua e canoa.
Francisco assis silva é poeta e militar
Email: assislike1@hotmail.com