"Rio São Francisco"
Lá da Serra da Canastra
Sai o veio principal
Em correnteza se arrasta
Desce do Brasil Central
Chamado de Opará
Pela nativa nação
Rio grande, rio mar
Fonte de alimentação
Foi lançada sua sorte
Na primeira invasão
Foi caminho para a morte
Saque, fome, escravidão
O invasor europeu
Quebrou sua paz suprema
Que a natureza lhe deu
O seu belo ecossistema
Às margens, gado, pomares
Do tal desenvolvimento
Cortam matas ciliares
Causam assoreamento
Velho Chico, sofrimento
Cerrados, devastação
Esgoto, desmatamento
Canal de poluição
Nas águas, vida e morte
Extinção, reprodução
Qual será a nossa sorte
Nesta triste turvação?
É o Nordeste irrigar
Revestir de verde o chão
Fome e sede saciar
Com sua integração
Faz os campos florescer
Semi-árido sertão
Pra vida sobreviver
Provendo a água e o pão
Levando ao mar a impureza
Da nossa acomodação
Na força da correnteza
Num grito de apelação.