SERVE DE FESTA

quem diria que a vida seria assim
um lampejo de desejo no meio da escuridão
eu me acendo, eu me apago
eu me ascendo, eu me estrago
a cada tragédia, a cada tramoia

 
quem diria que eu dirigiria um automóvel
que eu mobilizaria uma família
que eu mobiliaria uma casa
que eu teria asas para voar sobre o caos

quem diria que eu digeriria um hamburguer
que eu torceria para o borussia dortmund
que eu seria feliz sendo filho único
que eu me fecharia para balanço

nenhum banco investiu em mim
nenhum profeta previu meu fim
nenhum poeta me definiu em suas métricas
eu não sou silabável, sou assimétrico mesmo

e assim eu digiro a vida com catchup
e assim eu pago meus pecados com cartão de crédito
e assim eu não arredo o pé nem que a vaca
tenha vaca louca
e assim o pouco que me resta me serve de festa
quando o mundo ficar fétido demais
Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 10/08/2016
Reeditado em 11/08/2016
Código do texto: T5724943
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