pulsa o passado
como confetes de outono,
chove-me a memória.
Chove das mãos erguidas dos meus pais,
as direções e as bençãos.
Chove-me as lágrimas
que pelas costas jorraram
quando fiz as partidas,
por desejar ser livre na vida.
Chove-me as sombras das alamedas e os
tropeços que dei nas avenidas.
Chove-me do primeiro amor, o beijo
plumoso nos lábios
carentes de experimentos.
Chove-me a promessa
da eternidade daquele sentimento.
Chove-me a decepção pela troca das cores
para o destaque das dores.
Chove-me a alegria dos sonhos
e a tristeza do repentino desvanecer.
Chove-me as lutas e os descansos,
as covardias pra re.amar e os
atrevimentos de querer
reter o tempo.
Chove-me inteiro passado
que o presente
banaliza gozos e dores
dos sentimentos.