AUTOPSICOGRAFIA



                                    
O poeta é um fingidor. 
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor 
A dor que deveras sente. 

E os que lêem o que escreve, 
Na dor lida sentem bem, 
Não as duas que ele teve, 
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda 
Gira, a entreter a razão, 
Esse comboio de corda 
Que se chama coração.





https://youtu.be/ORgsyNZ39F4

Digitado em Poesia - Zé Ramalho















 





 
Fernando Pessoa
Enviado por Wilson Madrid em 02/09/2016
Reeditado em 02/09/2016
Código do texto: T5748294
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