O Que Há por vir

A crosta dos barrancos vai se esvaindo

e se dilui na água marinha lambendo o sopé

vento e maresia num abraço se unindo

banindo a argila, qual os sargaços no rodapé

A calvície das rochas ganha toda a extensão

das falésias perfiladas no promontório

trágico e secular desmanche da construção

arenosa e, no tempo, um seu adjutório

Cismando na ponte do velho cais

devaneios se insurgem contra a devastação

nas treliças de suas longarinas

o mar enfurecido provoca a arrebentação

Aves projetam-se nos ares audazes e voláteis

meu peito bate teimosa esperança

intuições me ocorrem de maneiras táteis

e a credulidade por vez me alcança

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 13/09/2016
Código do texto: T5759597
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