Sertaneja
A casinha de taipa
Era um esplendor
Nada sequer escapa
À noite, seu fulgor
Vaga-lumes em turnos
Piscavam nos cajueiros
Os braseiros noturnos
Da lua mensageiros
E a famosa serenata
Das cigarras costumeiras
Escondidas nos pés de ata
A cantar zombeteiras
Na melancolia da mata
O riachinho murmurante
Borbulhava seus clamores
Noite de lua deslumbrante
Recheava-se de amores
Fugaz, lépido e fagueiro
Serpeava no leito estreitinho
Seguia o mesmo caminho
Com ares de forasteiro
Suas rasas ribanceiras
Doavam barro ao artesão
Pra bolar as brincadeiras
Dos meninos do sertão
Tempos bons que lá se vão...