Gotas de orvalho

Gotas de orvalho

Vou me largar no mundo

Feito larva que se desprende do leito materno

Assim que descobre a luz do dia.

Sairei sem vigia, e sem rancor e sem pudor

E me atirarei no mundo, feito inseto sem asas

Perambulando pelos guetos.

Quero ser desprendido de objetos e coisas

E ser infinito, feito voo de gaivotas.

Ser pedra consumida pelo mar da natureza

E ser nuvem plasmada no céu.

Ser Poeta ainda vivo.

Saborear o gosto da complacência dos olhos

Daqueles que leem a Poesia que sai de mim

Feito gotas de orvalho.

Ser amado, por olhos que nunca me viram

Ser tocado por mãos que nunca me tocaram

Ser possuído.

Ser sentido, para não me sentir

Um pobre réptil-inútil e desgraçado.

Mas a Flor tem o dia certo do desabrocho

E enquanto as pétalas se arrumam

Enquanto reis não sobem aos seus tronos

Enquanto a folha não cai no esquecimento

Enquanto o vento não trás o cheiro da maresia,

A Poesia ocupa um lugar que será sempre dela, por direito.

Tony Bahi@.

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 23/09/2016
Reeditado em 23/09/2016
Código do texto: T5769804
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