Poema do Ser

Minha máscara ruiu

O mundo todo riu

Meu eu recuou.

Sem pensar gritou

Isso tudo eu sou

Mas há algo além.

Sou o que convém

E digo um amém

Ao que posso ser.

Direito de se exercer

Todos deveriam ter

Esse palco é seu.

O mundo prometeu

Que meu doce eu

Seria aqui aceito.

Mas não tive peito

D'encarar tal pleito

Escolhi me render.

Não quis ser

Não quis viver

O que eu era.

A vida não espera

E era após era

Me perdi em mim.

Cheguei ao fim

Sem dizer sim

Ao que eu quero.

E agora espero

E com esmero

Moldo meu ser.

Livre e leve ser

Que só vai ser

A suave fluidez.

À luz da lucidez

À boa embriaguez

Da pura entrega.

Minha voz não nega

A multidão me pega

No meu segredo.

Revelado o enredo

Não há mais medo

E surge a liberdade.

Cada um ser verdade

A própria divindade

Que do céu caiu.