VÃOS
Por que me desespero
nos gemidos que soterro?
Os agudos não são meros estilhaços
de carinhos abortados.
Os silêncios não são mudos,
os segredos não são surdos;
são cavalos galopando
em apressado desalinho
para o salto mais sozinho
do mais próximo penhasco.
Por que me desgoverno,
perco a rota e acelero
lacerando o casco nos espinhos do acaso?...
É quando a inércia, braços largos, puxa o laço e,
no vão do desalento estaciona minhas patas.
E, nos corredores do tempo arrebata minha alma.
Alma alada, agora rasteja atada
`a língua presa da fala.
Colorindo `a sangue a vala do carrossel do pensamento,
emaranhada vai
nas teias de prata
das paredes da sala, nos corredores do Tempo.
O esquecimento faz aterro
nos lábios do desespero
e cala todo um momento,
adormece o movimento
e enterra todos os sonhos
no alarido do vento.
D.V.
03/16
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