Sobre as ondas entre os meus dedos

A onda

me puxou mar adentro,

cercando as costas e o pescoço,

sacudindo no balaço de um coração pulsante

a estrutura textual dos devaneios,

corrompendo em paráfrases

todas as minhas vontades e anseios

A onda desce em prosa

Vem e me cobre, me abraça e me gira,

sob o relento incomum das horas vulgares

Banhando meus poros com pigmentações ideológicas

absorvidas em infinitos anteriores,

como sapos e gafanhotos da vida comum

Afinal, estava no mar ou com o mar na cabeça ?

Sobretudo,

eram ondas

que tocavam a areia

passando salgadas

entre os meus dedos

Deixando pra trás

apenas a espuma

e a pele molhada.

João PS
Enviado por João PS em 05/10/2016
Reeditado em 08/10/2016
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