Sobre as ondas entre os meus dedos
A onda
me puxou mar adentro,
cercando as costas e o pescoço,
sacudindo no balaço de um coração pulsante
a estrutura textual dos devaneios,
corrompendo em paráfrases
todas as minhas vontades e anseios
A onda desce em prosa
Vem e me cobre, me abraça e me gira,
sob o relento incomum das horas vulgares
Banhando meus poros com pigmentações ideológicas
absorvidas em infinitos anteriores,
como sapos e gafanhotos da vida comum
Afinal, estava no mar ou com o mar na cabeça ?
Sobretudo,
eram ondas
que tocavam a areia
passando salgadas
entre os meus dedos
Deixando pra trás
apenas a espuma
e a pele molhada.