MARCAS DA ESCRAVIDÃO

Oh arfantes

Formas delirantes

Dos brutos homens...

Dos abjetos segredos,

Dos crimes hediondos,

Dos filhos dos cativeiros...

Não te estorvam os gritos,

Os soluços, os gemidos,

Dos pretos, famintos, retintos?

Articulais de chofre, sorrateiros,

A senzala, o tronco, os celeiros,

A segregação, os navios negreiros...

Planejais a hedionda morte

Dos escravos da má sorte,

Que foram contados como rês...

Ouvem-se troças, azorragues,

Veladas, perigosas vozes

Das intemeratas almas ignóbeis...

Alhures, articulais torpezas,

No tugúrio das profundezas

Das vossas faculdades infernais...

Encenais com maestria,

Em plena luz do dia,

A pecha de fidalguia...

Inocentes caçados como animais...

Incólume - Senhora Civilização - as justificais,

As corruptelas nas quais vos locupletais...

Marcados com brasa, chicote e ferro

Indignos de um digno humano enterro

Até hoje são produtos do humilhante desterro

Vãs as vossas perfídias...

Para trás com vossas insígnias...

Provais vós mesmos das vossas ignomínias!

Cris Sozza
Enviado por Cris Sozza em 05/10/2016
Código do texto: T5782227
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