Sobre Eu e Você e Todo Nós
Pega dos meus olhos uma frestinha sobre o viver nosso
Que se estende na largura dessa avenida que nos escoa
Nota comigo o passo largo e o miúdo
Que se ajustam sem escolha na crueldade das horas
...
Sinta o teu respirar se tornar ofegante e cansado
No esvair-se do bafo que evapora do asfalto
percebe o compulsório sugando teu tempo de iluminar-se
Como se tu fosses só uma carne que precisa de ar
...
Move o teu quadril com firmeza na tua eira
Eleva tuas sobrancelhas para além do semáforo
Resgata aquele um que obstinou crer
Que o tempo é para cada um só um pouco
...
Estou bem do teu lado na penumbra
Carrego o peso desse meu verso tosco
Que se compõe desses dizeres de riba
E a minha tez também queima ao mesmo impiedoso sol
...
Mas ouça-me ainda por uma nesga
Pois me fiz um mimo por fuga
Plantei um jardim bem do meu tamanho
E agora com os grilos e outros que lá vivem sou mais um