Esguia criança
Em agruras lanço-me,
Com medo,
De a criança que tenho em mim,
Esvaecer-se.
Pinoteio no tempo,
Fugindo do esquecimento,
E do lamento que sinto
E do pranto que lanço,
Se ela aos poucos apagar;
No descontente movimento
Que o globalizado mundo
Pela goela empurra.
Muitos não sabem criança ser de novo.
Tísica ela é,
Tampouco diferente não seria,
Pois, assim ainda sou.
Mas, quero cativar,
E com piões brincar,
Se as canções de roda
Ousarem não tocar.
E, feliz sempre serei.
Sofrimento não conheço,
A não ser quando meu pirulito de açúcar findar.
Aqui dentro,
Vivificante permanece:
Lembranças...
Traquinagens...
E ruindades,
Que me formam.
E assim minha esguia criança,
Em nada se entristece,
Pois com uns afagos me contento.
E no semblante terno que tenho,
Minha velhice, criança permanece.