O dia mais bonito do mês
Desculpe,
mas naquele dia chuvoso
eu tomei os comprimidos
Era uma chuva arrasadora
Batia e debatia,
jorrando em portões e meio fio
toda a raiva do mundo
O sol se punha
No momento em que a chuva destruía a cidade
Era tarde quando meu eu arrasado sentava-se junto às paredes
Chovia lá fora, todas as lágrimas trancadas
Chovia lá fora e molhava o meu quarto
Inundava o assoalho com água gelada a altura da canela
Molhando minha pele,
enquanto o grito vinha e molhava meus comprimidos
Chovia lá fora, como chovia no meu quarto
Meu coração batia e debatia jorrando ao som dos pingos d'água
Imprimindo toda a sonoridade que se perdia no
Peito
Até que chegasse na verdadeira implosão
Tomei todos os comprimidos molhados
aguando um sono profundo que corria como um raio se trocando de minuto em minuto
Me esmagando no chão
Fazendo deitar entre mil e quatro mil vezes
Sem limites visíveis
na espera da chuva passar
Chovia na minha janela, como chovia nos meus olhos
Chovia no meu quarto, como chovia dentro de mim
Ainda molhado, não notei que era a hora de acordar
e acordei sussurrando dor... no dia mais simplório do mês