Minhas celulas não precisam de suas drogas
Algo queima a minha frente
e não é apenas a ponta de um cigarro
Mero convidado
A outra madrugada sozinha
Andarilhando por minha mente
Deixando passar alguns sinais de ansiedade
E receio
Respiro com dificuldades
Há muita fumaça no céu de minha garganta
Eu não ousaria procura-los
Remédios
Ousaria-me atacar
À minhas células regadas
A esperanças vagas
Com algo pior
Tão pior
Do que aquilo que me condenas
Me maltrata
Doente
Doente
Doente
Tão doente pra vocês
Tão doentes pra mim
Ora poderia!
Atacam-me as ideias inofensivas
E ao machucar-me
Dizem que poesio ideias fictícias
Ora poderia
Poderia eu
Driblar pistas
De que falta asfalto em meu coração?
Em minha alma
Onde satisfação
Só vem de tudo que me tira
A calma
Acalma estes olhos
Que ardem
Avermelhados
Ou pelo trago
Ou pelo descaso
De ter tanto pra gritar
E só ouço
Em declínio
Tu gritar!
Gritas-me a ouvidos que não existem mais!
E deixe meus neurônios em paz
Eles não precisam das tuas drogas
Não precisam
Que deixem-me incapaz
De guiar meus remorsos
As alegrias
OS DESTROÇOS
Os destroços...
De alguém imerso
Em perigoso teto
Onde sua cabeça
E seus olhos
Procuravam qualquer bote salva vidas
Pois o mar estava congelando
É novembro
Mas ainda sinto o frio.
Por que devo remediar células físicas
Se é meu espirito
Que apaga a luz do quarto?