ASSIM SE VAI

Assim se foi, nada a mais

que os lampejos

da mente que surtou

na insistência de criar.

Na lamuria o poeta sangra

enche a taça do fel que vaza

nela ele se farta.

A cada dose cambaleia

às sombras dessa esquina,

e a cada queda se abriga

em mais uma taça...

Atordoando em fadiga

adormece o seu pesar...

Queria apenas sonhar!

“Coisa essa impossível tocar”

Nem amiga, ou amada

Sem boca, ou lábios

sequer um abraço que

dispusesse para dele lembrar.

Precisava sanar o vício

que o adoecia e arrastava

e ainda assim o guardava...

Deitou-se frente ao a –mar

pra descasar.

Seus olhos eram os mesmos

mas o peito afogava

diante a taça vazia a dor se ia,

nem um trago a mais.

Até poderia acordar

"apos mil anos, depois

que o corpo se tornasse

água e pó, se ouvisse

o sussurrar da voz,

saberia acordar".

Mas, não.

Nada se ouvia

o silencio se fez calar.

Nem um coro das cantigas,

que remelas pra limpar.

Se deixou levar

coisa alguma queria,

sentia ou valia.

Não importunava a dor do frio

as lembranças de coisa antiga

nem isso ou aquilo

nas supostas entrelinhas

e assim se ia...

Sem nada mais a aclamar

seus olhos descançaram

da ladeira antiga da estrada.

Ahh

Vera Lúcia Bezerra
Enviado por Vera Lúcia Bezerra em 27/11/2016
Reeditado em 30/11/2016
Código do texto: T5835995
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.