SE EU NÃO TIVESSE EPILEPSIA

Se eu não tivesse Epilepsia,

Isso mesmo! … Não ria.

Não ria porque chora minha Felicidade.

Por isso a noite é meu dia.

Não vejo a hora de dormir e descansar,

e calmamente poder acordar.

Noutro dia, com dores, mas

sem tua presença. Comigo já não estás.

Se eu não tivesse Epilepsia,

minha Esposa não sofreria.

O passar dos anos não seria

com lembranças amargas,

que travam a boca das boas lembranças.

Sempre haveria Bonança.

Apenas os bons dias.

Porém minhas lembranças.....

Ficar sem saber onde estou

não saber falar,

Quando ouvir, nada entender.

Andar apenas andar,

numa grande roda gigante

não saber aonde vou...

sem saber o que estou a fazer.

Marionete da loucura

vestida em doce Candura.

És tu minha doce Sepultura.

Se eu não tivesse Epilepsia,

as letras das dores, jamais escreveria.

Apenas poesias de amor, sonetos...

mas escravo escrevo esta agonia

que agora canto em dueto.

Eu e minha Alegria.

Para tí minha Eterna Companhia.

Se eu não tivesse Epilepsia,

meus filhos teriam mais alegria.

Sou o Feitor das mazelas das nossas almas

que choram, em penosa agonia.

O que eu fiz Senhor? Me diga!

Eu pago! Qualquer que seja o preço,

pois se o houver, o mereço.

Ou de outra forma que ainda não conheço,

mas tudo tem seu começo.

Ser andarilho do Mundo,

nunca morrer, sofrer, como tu sofrestes

não reclamo.... E aceito.

Se não tivesse Epilepsia... mas tenho...

Ou é ela que me tem.

Com perspicácia me faz de boneco,

neste maldito vai vem, de dores

sensações e sabores.

Quantas dores.

Porque isso?

Eu sei. Não é nada comparado

à dor de outros,

mas é de mim que toda tristeza vem.

É meu Fado.

Angústia e dor que tenho guardado

Até o final dos meus gloriosos dias.

Gloriosos, pois todos os dias luto

contra a carne que não me dá alforria.

E sempre vencí, sempre vencerei

é a única coisa que sei.

Doença incoerente, dor maldita.

Cão raivoso e astuto.

Mas EU é que sou a Lei!

Um dia me disseram que és a doença

de grandes homens da História.

“Dos grandes gênios e conquistadores”

Da História da Humanidade,

e seus principais atores

Danem-se os Gênios.

Pois de nada vales tu e tuas podres dores.

Quero minha Sanidade!

Quero ter autoridade

sobre mim....

De que adianta seres assim,

se aos poucos me emburrecestes.

Olha! Vê o que fizestes!

Pois me derrubas sem chance alguma

sem dó, sem piedade.

Sem contigo poder,

dor maldita e astuta.

Por mais que o coração grite,

nada posso. Me rendo!

Sou teu! Sua Puta!!!

NELSON TAVARES

Nelson Tavares
Enviado por Nelson Tavares em 30/11/2016
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