Visgo do tempo
Acumulo verbos, gordura no corpo,
Vozes que não ecoam;
Vejo os dias se empilharem
Ameaçando ruir sobre meu corpo.
Em tardes ocas, gotejam as horas,
Sem nunca inundar (acho que evaporam)
Meu jardim de rosas murchas;
Molham meu sorriso chinfrim
E desfiguram meu rosto.
Debato-me na gosma do tempo,
Que se apega aos meus ossos
E me arrasta pra baixo:
Para o pó ao qual retorno
Dia a dia,
Inexoravelmente.