Visgo do tempo

Acumulo verbos, gordura no corpo,

Vozes que não ecoam;

Vejo os dias se empilharem

Ameaçando ruir sobre meu corpo.

Em tardes ocas, gotejam as horas,

Sem nunca inundar (acho que evaporam)

Meu jardim de rosas murchas;

Molham meu sorriso chinfrim

E desfiguram meu rosto.

Debato-me na gosma do tempo,

Que se apega aos meus ossos

E me arrasta pra baixo:

Para o pó ao qual retorno

Dia a dia,

Inexoravelmente.

Luiz Eduardo Ferreira
Enviado por Luiz Eduardo Ferreira em 04/12/2016
Reeditado em 06/12/2016
Código do texto: T5843576
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