Museu do amanhã

Um grande tatuí quase morto

À beira da baía de Guanabara,

Navio branco que passou do porto e

Das águas escuras com sua carapaça clara.

Fóssil novo e reluzente,

Exoesqueleto brilhante e alvo,

Prédio derrubado por acidente,

Gigante náufrago por acaso salvo.

Quase totalmente cercado de mar e mares -

Água suja, fétida, colorida de combustível -,

A ostentar suas estruturas triangulares,

Um corpo que se move de forma previsível.

Um homem que se aproxime da sua boca-entrada

O verá grande, amplo, desdentado e faminto;

Mas ao olhar para o lado, o verá como uma ossada

De um daqueles enormes navios extintos.

Para nada o seu exoesqueleto se move:

Um gasto de energia eterno e desnecessário.

Não voa, não nada, não anda, embora inove,

mudando e iluminando o velho cenário.

A velha e sombria praça do porto gigante

Agora - sem anteparos - encara o mar,

Mas inda guarda seus becos logo ali, adiante,

Às sombras de edifícios e morros a se abandonar.

Bernardo Parreiras
Enviado por Bernardo Parreiras em 10/12/2016
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