Quando a Menina Precisa Ir... Descoberta

A boneca inclinou-se torta dentro do nicho

Estava fria por causo do desuso daquelas mãos delicadas

Testemunha afetuosa que havia sido desde o primeiro entendimento

Que tirou do escuro a menina e a pôs sob a luz do pensar

Agora permanece inerte emoldurada e suspensa

Quebrando singelamente a verticalidade imparcial da parede

O espelho recebeu solícito a esse novo contemplar

Esse jeito inusitado desta uma que tomou o lugar daquela

Ele aprecia envaidecido por ter-lhe concedido preferência

E reflete a ela soberbamente em toda sua singularidade

Silhueta sensível radiante como a flor da onze hora

Que ao fim do dia adormece ainda com a beleza

Mas que quando acorda já em outra flor está transformada

Mas note comigo no silêncio das letras menos usadas

Pois ela ergueu a pestana por causa de uma imagem

Que viajou através do vazio até suas retinas

E a primeira luz que pertence a ela no mundo

Encontrou sua alma com as asas ainda por ser infladas

Ao se uniram alma e imagem formaram uma nova cor

Tornando a menina e a boneca duas estranhas

Que ainda se querem mas não sabem mais como se gostar

Ele era como nenhum outro neste mundo novo

Tudo nele era secreto intenso bonito inteiro

Nada mais importa e cada gesto dela continua a muda-la para sempre

Ela, essa menina que descobrimos ainda ontem tu e eu

Floresceu permanentemente não é mais flor de onze hora

O amor a beijou tornou-se orquídea

Transformou-se em plural sem ter escolha.

Ediondo
Enviado por Ediondo em 11/12/2016
Reeditado em 11/12/2016
Código do texto: T5849727
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