Quando a Menina Precisa Ir... plenamente
E raiou mais uma vez a boieira demonstrando sem pena
Que o presente já é o passado e que tudo urge
Pois gastar o tempo é uma forma de pertencer a eternidade
Mas ainda assim ela permaneceu deitada mirando a cor nova
Da parede esquadrinhada para ela por seu genitor
Numa última esperança de que ela o mantenha em suas retinas
Pois essa menina é o seu legado para o mundo que a tomou de si
Pondo a ele numa tangente adjacente na grande avenida que a escoa
O lençol bordado que a recebe ao catre estendida
Tem o toque suave da sua genitora que ficou mirando-a
Quando ela aceitou o rumo que escolheu ao entender-se madura
Nesta vida que se leva e da qual os segredos nem se imagina
O seu par que a trouxe para este outro mundo
É aquele mesmo que separou a menina da sua boneca
Que por amor e coragem à pegou do mundo par si
Posto o seu rosto sobre o travesseiro ela o olha no seu sono
Seu corpo se recorda daquele mágico dia ainda ali pouco passado
Quando envolvidos não se sabe como o amor os fundiu em definitivo
E ela pode senti-lo entrando dentro dela lentamente
Tornando-os por instantes breves uma só carne animal
Uma só sensação reverberada ao mesmo tempo
Para dentro de duas almas que se aceitam em luz e fluidos
E ela espichou-se como uma pantera cheia de cio
Percebendo que a felicidade fluía do seu corpo para o mundo
Notou Deus em cada partícula que adentrava o cristalino dos olhos
Não se pode conter e colou a pele nua à do seu querido
E pegando dele o calor ia já ligando-se a ele no sono
Quando foi trazida de volta pelo choro em forma de fala
De uma que saiu dela e que a fez ordinária com todas as mulheres
Uma que saiu dela para finalmente a tornar inteira plena rutilante.