A Música vem das conchas

Nada além da escuridão, nem o pio de uma ave

a música vem das conchas atiradas pelo mar

seria de abandono este canto remoto e suave,

ou celebração de quem saiu da clausura e amar?

O mar belicosamente estronda na praia deserta

à falta de luz impossível ver a espuma da fera

intriga com minha alma improvisada e incerta

ou a queixa bravia ante minha ansiosa espera?

Quanto de sal lacrimoso há na tua oceânica face,

ondeante caminho quantos desejos enviuvaste?

te apoias no teu oriente onde ao sol tudo renasce

ou te opões ao horizonte que no breu ocultaste?

As gaivotas estão recolhidas, talvez amedrontadas

nada te separa do céu de estrelas bem fervilhante

tuas pedras abissais se encontram desencontradas

senão me as atirarias ao peito de sombrio amante

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 22/12/2016
Código do texto: T5860880
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