A Música vem das conchas
Nada além da escuridão, nem o pio de uma ave
a música vem das conchas atiradas pelo mar
seria de abandono este canto remoto e suave,
ou celebração de quem saiu da clausura e amar?
O mar belicosamente estronda na praia deserta
à falta de luz impossível ver a espuma da fera
intriga com minha alma improvisada e incerta
ou a queixa bravia ante minha ansiosa espera?
Quanto de sal lacrimoso há na tua oceânica face,
ondeante caminho quantos desejos enviuvaste?
te apoias no teu oriente onde ao sol tudo renasce
ou te opões ao horizonte que no breu ocultaste?
As gaivotas estão recolhidas, talvez amedrontadas
nada te separa do céu de estrelas bem fervilhante
tuas pedras abissais se encontram desencontradas
senão me as atirarias ao peito de sombrio amante