Jaz ao som de Blues

Meu lar é uma caixa de concreto gris

Ornada com vazios e folhas outonais

Fria como uma lápide e epitáfio a giz

Jazem sonhos e utopias sentimentais.

A cada mês, ao receber a visita da lua

Que a minha janela vem sutil a espiar

Projetando nas paredes festejos de rua

Desaparece antes que eu a possa tocar

A minha vida é um jogo, um passa-tempo

De uma criança que não quer mais brincar

O tempo passa e os anos vêm com o vento

Talhando trilhas que levam ao meu olhar

Enquanto isso eu fico aqui e com certeza

Sentindo nada em minha pele, seguindo dura

Secando qualquer alusão à vida ou à beleza

Temendo lembrar de quão doce era a loucura.

Marina Mara
Enviado por Marina Mara em 31/07/2007
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