A flor e o Menino

Quando ela foi tornada real pela chuva e pelo sol,

foi espontâneo o seu ocorrer,

e do mundo nada sabia.

Expiou por uma frestinha miúda que lhe coube entre os brejos,

e agradada do que viu,

a beleza, pôs-se a embelezar.

Tão logo foi beijada pelo som e cores do dia,

rutilante na sua condição singular,

exclamou na língua das flores:

Que bom sentir o calor do sol na tés das minhas pétalas umedecidas pelo sereno!

Não percebeu que um menino que passava lhe notou,

nem que à amou por sua boniteza,

tão logo lhe viu.

Ela apenas embelezava a beleza distraída,

quando ele a tolheu da sua raiz,

despedaçando-a por puro amor.

Jogou-a a esmo pelos quatro nortes ao redor de si,

dispersa em pétalas partidas,

ambas ainda cheias de perfume que ele nem cheirou.

Não faz mal,

inspirou-se solicita e esmagada,

que dou graças por esta brevidade eterna que tive.

Foi adormecendo solícita na sua existência sublime,

logo vem outra primavera e poderei vê-lo mais crescido,

suspirou.

Ediondo
Enviado por Ediondo em 01/01/2017
Reeditado em 27/08/2020
Código do texto: T5868898
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