A flor e o Menino
Quando ela foi tornada real pela chuva e pelo sol,
foi espontâneo o seu ocorrer,
e do mundo nada sabia.
Expiou por uma frestinha miúda que lhe coube entre os brejos,
e agradada do que viu,
a beleza, pôs-se a embelezar.
Tão logo foi beijada pelo som e cores do dia,
rutilante na sua condição singular,
exclamou na língua das flores:
Que bom sentir o calor do sol na tés das minhas pétalas umedecidas pelo sereno!
Não percebeu que um menino que passava lhe notou,
nem que à amou por sua boniteza,
tão logo lhe viu.
Ela apenas embelezava a beleza distraída,
quando ele a tolheu da sua raiz,
despedaçando-a por puro amor.
Jogou-a a esmo pelos quatro nortes ao redor de si,
dispersa em pétalas partidas,
ambas ainda cheias de perfume que ele nem cheirou.
Não faz mal,
inspirou-se solicita e esmagada,
que dou graças por esta brevidade eterna que tive.
Foi adormecendo solícita na sua existência sublime,
logo vem outra primavera e poderei vê-lo mais crescido,
suspirou.