Sentar-se Aflito

Noites em claro

por ali mesmo fico

Sentado de frente para a correnteza

vendo as gotas estourarem ao cair

e os gramados se pintarem ao crescer

Extasiado na fantástica explosão do tempo

fico perdido afundando as pernas

nas profundezas do rio

Me desintoxicando para que as flores

floresçam aflitas sobre mim

Devorando com os olhos o nascimento, o crescimento e a morte

Onde a temporalidade vem e vai

como as nuvens traçam o céu

Assim, as pupilas trancadas

quebram as correntes e se dilatam

Pulsando abertas á verem que as coisas, não são mais como antes

Persistindo na formação de pontes e rotas diárias

Que se confeccionam em coágulos de imprecisão niilista

Decidindo meu itinerário antes de mim

Produzindo os cúmulos e acúmulos do absurdo

Para conviver com a angústia de que,

o que mais quero no momento

É ao menos dizer adeus, aos meus amigos

Pois eu vou

Mas logo pretendo voltar

João PS
Enviado por João PS em 02/01/2017
Reeditado em 03/01/2017
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