[O Outro]

"O fim está no começo e, no entanto, continua-se” - "Fim de Partida" - Beckett

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Não — o alvorecer de um dia nunca me intimida,

meus olhos anseiam pela claridade crescente;

o entardecer nunca me espanta,

mas apenas, numa reles troca de máscara,

põe o outro, aquele que vive oculto dentro de mim,

a espiar pela brecha do dia que aos poucos se fecha.

A noite chega, e arranco-me da casca grossa do dia,

o outro, um lobo estranho, porém sensivo, estará à solta...

Rompida a carapaça, pelos eriçados e garras à mostra,

ponho em fuga os temores: ouso ínvios caminhos...

Até quando?! Não sei, e o outro de mim também não;

o Fim, não nos concerne: nos deveniremos em Nada...

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[Vazio Desterro, 01 de novembro de 2007]

O poema... Por quê?! Como assim... por quê?

É um inferno perguntar "por quê"!

Todos sabemos: é tão óbvio e natural,

que "o vazio se divida em poemas",

quanto as águas correrem ladeira abaixo!

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 09/01/2017
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