Mudança radical
Puxei minha barriga de cima do cinto
E não entendo onde arranjei tanta gordura
Qualquer criatura que me ouvir falando assim
Vai sorrir e achar que minto.
Talvez sejam essas inúmeras frituras
Feito meu arroz nadando no óleo
Entre o exagero aliado a usura
Cozinhar com gás desse tal de petróleo.
Faz muito tempo que abneguei da lenha
Pois senti tanta dificuldade em achar uma mata
Tive que adotar um fogão com senha
Daqueles que amassa fácil parecendo de lata.
Sinto sabor diferente nesse meu alimento
Coloco na panela e vejo espumando
E o aroma que sai se exala no vento
Deixa-me fabuloso no qual fico pensando.
As bananas amarelas esverdeadas e xoxas
Com miolo amargo e ainda trava
As batatas raquíticas são desbotadas e roxas
Povo que viviam mais de cem, nascia e ultrapassava.
Hoje vejo animais que não tem nem capim
Vivem detidos em confinamento
Hormônio na ração do começo ao fim
Agua pelo cano e coxo de cimento.
Quanta mudança radical a causar tristeza
Vejo dessa forma minha opinião
Chamo de ganancioso os reféns da riqueza
Que se perde sem sono dentro da plantação.
Francisco assis silva é poeta e militar
Email: assislike1@hotmail.com