Minhas Promessas
MINHAS PROMESSAS
Trancafiaram minhas promessas que,
exaustas e sozinhas, tentam elucidar-se.
A escuridão sombria na qual se encontram
faz de tudo utopia; da utopia, faz-se nada.
Melhor seria se morressem por completo
as esperanças prometidas, mas não;
sobra sempre um pedaço, torturador,
que encerra os sonhos em frustração.
Eu não vim revolucionar os corações amargos.
As promessas e as esperanças e os sonhos
estão vendidos a um museu qualquer,
em uma cidade qualquer, em um tempo qualquer.
E pessoas quaisquer os visitam, os admiram,
os idolatram e os esquecem.
E se as próprias promessas não fossem
promessas quaisquer, talvez ninguém as visitasse.
Prometi amor eterno, liberdade, luta e glória.
Logo eu, que ia mudar o mundo...
Não mudei minha casa, nem minha cidade.
Nem meu país.
Não me mudei.
O amor é provisório,
a liberdade é ilusória,
a luta é contraditória.
E já perdi a glória de acreditar em minhas promessas
porque as tranquei com a chave da ironia.
Sim, fui eu, já que as promessas são minhas,
tão possessivamente minhas.
Já não há promessas! Já não crio obrigações
ou incertas expectativas, porque envelheci.
O corpo sente a idade, assim como a alma
e as promessas minhas.
Eu vou enterrar-me num museu,
para que me amem, me idolatrem, me esqueçam.
E se o raio de Sol vir (um pedaço),
espero que ele não me alcance...
Então eu descansarei, perdido,
com minhas promessas.
Cansei de promessas e textos medíocres,
por isso termino aqui, sem finais extraordinários.