Minhas Promessas

MINHAS PROMESSAS

Trancafiaram minhas promessas que,

exaustas e sozinhas, tentam elucidar-se.

A escuridão sombria na qual se encontram

faz de tudo utopia; da utopia, faz-se nada.

Melhor seria se morressem por completo

as esperanças prometidas, mas não;

sobra sempre um pedaço, torturador,

que encerra os sonhos em frustração.

Eu não vim revolucionar os corações amargos.

As promessas e as esperanças e os sonhos

estão vendidos a um museu qualquer,

em uma cidade qualquer, em um tempo qualquer.

E pessoas quaisquer os visitam, os admiram,

os idolatram e os esquecem.

E se as próprias promessas não fossem

promessas quaisquer, talvez ninguém as visitasse.

Prometi amor eterno, liberdade, luta e glória.

Logo eu, que ia mudar o mundo...

Não mudei minha casa, nem minha cidade.

Nem meu país.

Não me mudei.

O amor é provisório,

a liberdade é ilusória,

a luta é contraditória.

E já perdi a glória de acreditar em minhas promessas

porque as tranquei com a chave da ironia.

Sim, fui eu, já que as promessas são minhas,

tão possessivamente minhas.

Já não há promessas! Já não crio obrigações

ou incertas expectativas, porque envelheci.

O corpo sente a idade, assim como a alma

e as promessas minhas.

Eu vou enterrar-me num museu,

para que me amem, me idolatrem, me esqueçam.

E se o raio de Sol vir (um pedaço),

espero que ele não me alcance...

Então eu descansarei, perdido,

com minhas promessas.

Cansei de promessas e textos medíocres,

por isso termino aqui, sem finais extraordinários.

João Guilherme Magalhães Monteiro de Almeida
Enviado por João Guilherme Magalhães Monteiro de Almeida em 01/08/2007
Código do texto: T588669