Um olhar de adeus
Dentro desse olhar se via a poesia,
Um olhar inerte, imóvel...
Que apenas dizia a poesia do adeus,
Declamava aos olhos meus
O soneto da despedida,
Tantas vindas e agora
Apenas uma ida.
Dentro desse olhar o mar sorria,
O verde mar se abria em vagas
E em movimento sussurrava
Em marulhos versos de alegria,
Sorria um falso adeus,
Declamava em voz tardia.
Não entendia os olhos meus.
Dentro desse olhar nada mais se via,
Vazio, incrédulo e disperso,
Imerso de uma finita dor,
Eu supunha uma dor de amor,
Por não amar saber inverso,
No ar a serenata do adeus
Cantada pelas estrelas de Deus.
Bem no fundo desse olhar
Que a noite já invadia
Estrelas cintilavam
Na lágrima que vertia,
Uma lágrima de adeus,
Entre as sombras marejavam
Nos olhos que foram meus.