MANHÃ FRIA DE VERÃO

Antonieta Lopes

Que chuva fria! esfria até os ossos,

O tempo não se abre, esfumaçado,

E os novelos de nuvens, pretos, grossos

Deitam sombras no monte e no cerrado.

Embrulham pensamentyos vagos, nossos,

O ar fica tristonho e parado,

Formam vales herméticos e os fossos,

Roubam o fresco esplendor do verde prado.

Até os cães recolhem-se a um canto,

Pois ao sol se aquecem todo dia,

Sem ele dormitar querem, portanto.

Somente minha pena não se esfria,

Se o coração se esfria, ela, não,

A inspiração a aquece e alumia.

Antonieta Lopes
Enviado por Antonieta Lopes em 21/01/2017
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