MANHÃ FRIA DE VERÃO
Antonieta Lopes
Que chuva fria! esfria até os ossos,
O tempo não se abre, esfumaçado,
E os novelos de nuvens, pretos, grossos
Deitam sombras no monte e no cerrado.
Embrulham pensamentyos vagos, nossos,
O ar fica tristonho e parado,
Formam vales herméticos e os fossos,
Roubam o fresco esplendor do verde prado.
Até os cães recolhem-se a um canto,
Pois ao sol se aquecem todo dia,
Sem ele dormitar querem, portanto.
Somente minha pena não se esfria,
Se o coração se esfria, ela, não,
A inspiração a aquece e alumia.