Do Jeito Que Ela Quis Existir
No imaginário ela surgiu extraordinária
Usou-me para dar a ela cabelos lisos e pretos
Sobrancelhas prontas de natureza
Embelezando seus olhos bem vivos
Insistindo que das tardes tivesse na pele a cor
E escondendo suas arcadas lábios nada breves na forma
Os seios que me pediu determinada
Lhe dei imaginando assistido de muito esmero e capricho
Desenhavam esplendidos nas curvas que me exigiu
Contrastando delicados desde o colo à cintura
Singularidade constância e unidade
Dos pés aos joelhos canelas arredondas
Sendo que aos dedos
O indicador não fosse maior que o dedão
E sorrindo pediu-me mãos ágeis
Mas de gestos suaves e delicados
Pondo aos dedos equilíbrio e simetria na estrutura
Então olhou-me profunda e sincera falou
Das coxas e do resto da-me tu
Num tanto que caiba no teu gosto
Mas que a mim assente sem render queixas
E tal lhe dei segundo ela e eu
Quando lhe vi pronta em toda forma
Lhe quis prender como fosse dono
Mas me disse com aqueles seus lábios
Permita-me ir só até ali ver aquele horizonte
Que sofro só em sabe-lo quanto mais em não toca-lo
Derrotou-me com o tiro certeiro deste seu verso
Pois tudo nela radiava verdadeiramente
E a minha letra não podia mais conte-la
Nisto vazou pelos meus dedos
Tornou-se do mundo e quem a lê
Ilumina-se do que ela diz nos versos
Encanta-se com a beleza que ela mesma concebeu.