Uma outra visão

Daquele careca do inferno

Que no seu tempo construiu-se como fingido

Peço licença aos muitos que ele foi

Mas nem pego muito dos seus fingimentos

Meus versos são uma bosta

E bostas não precisam fingir

Bostas não precisam ser outra coisa

Nem lhes importa nada

Do que as verdades e mentiras dizem

Ela só quer ser bosta sem fingir

Os versos só querem ser versos

Sem nada ter que dizer ou fingir

Pois quando na barriga ainda não era bosta

Na ideia nem era nada

Mas depois que virou bosta

Moveu quem tornou bosta em verso

....

Quando vazam para o mundo os versos

Pertencem às palavras que o formam

Dizem o que dizem singular

Sem nunca precisar fingir

Sem precisar das favas humanas

Quem finge é quem pega deles emprestado o que precisa

Por causa do que a angustia causa

Nesse nosso diverso viver

Por que quando sara da sua dor

Num canto o esquece ainda vibrando

Sem saber que ao nascer do verso

Causa também ao poeta um pouco

Desse imenso nosso sofrer

Que na hora nem fingia nada

Mas vibrava ao dar-lhe luz

Pra que combatesse os inversos e reveses

Que desalinham o chão

E aos homens fazem cair.

Ediondo
Enviado por Ediondo em 30/01/2017
Reeditado em 23/06/2018
Código do texto: T5897786
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