Ave, Madalena!
E na Terra de um Deus só
Com esfomeados semideuses
Corrompidos aos mandos, de cima do Olimpo
Rasgam a tábua sagrada da lei
Miseráveis quase mortais
Inatingíveis atingem a todos
Em nome do Pai, do Filho e da Família
Fazem cair, se fazem Senhor,
Sobre nós, sobre o povo, as suas iras
Quase fada, nada,
quase nada tenho
Além de meu nome, quase nome
Que quase me tiram
Maria Mada, Mada ou Madá!
Astuta, absoluta... uma puta, Senhor
Carrego o fardo de ser Sua Imagem
Oh imagem desgraçada,
Santidade maculada
Me toma desse mundo, Senhor
Pois cansei-me de ser apedrejada
Há tantos homens
Que cospem e pisam
Que endurecem seus punhos
Que trancam seus corações
Há tantos homens que enchem os bolsos
Que ferem os rostos
Que derrubam nações
Por que me comparam a eles, Senhor
Eu, que de todas as coisas malditas
deles só me cresce a barba
arrancada fio a fio
todo dia uma batalha,
cera e navalha
Eu vejo bem de longe
O Olimpo desmoronar,
Mas quem, te pergunto Senhor
Quem será esmagado
Pelos destroços do lugar?
Não me resta muita voz
Quase que me tiram meu nome
Sinto ódio, sinto
Mas só aquele que bate em mim
Mas de todas as dores, Senhor,
Acima de tudo
Só quero saber
Por que continuas Mudo?