Rio da minha vida
Até hoje o meu olhar desce aquele rio
Ainda que eu esteja há milhas, lá está meu coração,
Doce corrente navegava por um fio,
O cruzeiro do sul ia guiando as embarcações.
Das águas passadas só restaram recordações.
São veredas a nascente que ainda me fazem sonhar,
Farfalha em minha mente o leito em lembrança,
Minhas saudades desembocam nos braços do mar,
A vida segue em frente, mas lá atrás ficou a criança
Que me alcança no banzeiro da esperança.
Eu me banho no teu colo, mergulho na felicidade,
Boiando eu fito o céu contemplando a imensidão,
Deixo-me levar no sentimento que me invade,
A tua água faz renovar o brilho dessa visão
O leme em direção é o instinto do meu coração.
Recordo esta página fluvial da minha vida na esperança de um dia voltar a minha cidade natal e ali navegar as melhores lembranças de um tempo vivido com muita inocência e alegria. As cheias e secas que ali passei, a prainha e suas histórias mais travessas, os amigos que ali deixei e tantas outras coisas que só poderão ser apreciadas através da imagem remota de uma boa recordação.