O.M.U.S.I.C.I.S.T.A.
O.M.U.S.I.C.I.S.T.A.
Quando o menino veio ao mundo nasceu nu como toda gente
mas não estava sozinho e, nos braços da musa, recebeu alguns dons.
Quando o menino começou a andar caiu muitas vezes,
caia sempre sorrindo porque sabia que caminhar era sua sina.
Quando o menino começou a falar suspeitou que não seria entendido
então acrescentou palmas à sua fala, ritmo e melodia em tudo que dizia.
O menino se faz homem, não nasce assim
de par com as musas precisa não estar só.
Solitário na aventura mas em boa companhia
aceita, colhe e veste n’alma peles de silêncio
e prova o tempo na doce passagem do instante.
Homem feito de silêncio e sons, de música,
traz na alma acordes de muitas vidas
e no corpo a comunhão dos sentidos amalgamados
na embriagues dum dum
dum dum coração que bate no compasso do amor.
Agora está velho aquele menino que se fez maduro...
Vejam, ele vem depositar na praia do mar do esquecimento
o instrumento da sua vida, suas esperanças de amor...
Ele mesmo tine aos pés do Silêncio ao findar o espetáculo,
dobra-se majestoso como se ao dobrar o corpo
erguesse ainda mais alto e fosse ele mesmo
a copa elegante de um carvalho
como se calado fosse o sábio jequitibá que a tudo ouvira...
Vem depositar afinado seu instrumento
com as esfera mais altas da poesia.
Ele é o músico instrumentista, o musicista
transfigurado na sua criação.
Depõe os sonhos e faz tinir o instrumento
que lhe fizera na caminhada a melhor companhia.
E assim, do tempo que hoje lhe consome os dias,
faz das intempéries vívidas lembranças e para nossa alegria
em perfeita harmonia com a aventura vivida
no gesto iluminado aqui feito registro
cria tal qual sublime canção
imponderada melodia.
Baltazar