sejam perdoados

que sejam perdoadas as falhas e os falhos

as exclamações, interrogações, vírgulas, ponto e vírgulas, espaços, parágrafos, colchetes, entre aspas.

reticências, pontos, entre e depois das frases e nos finais quando se encerram as questões

que sejam perdoados os conjuntos vazios, não vazios, os unitários, os inexistentes, os finitos e os que não se podem determinar

que sejam perdoados todos os mapas, cartas geográficas, localizações a nível de esfera terrestre ou marinhas conforme o imaginário

as bússolas, GPS, que não levam a lugar nenhum

sejam perdoados os desertos, as trilhas, os caminhos e os descaminhos, as rotas feitas, as desejadas, as desistidas.

os cruzamentos, as paralelas, as curvas, os becos sem saída

as paredes que delimitam, os muros que separam

sejam perdoados mares e oceanos, rios, vales e cachoeiras,

montes, colinas, planícies, depressões, crateras, vulcões,

as noites, os dias, as manhãs

a luz e a escuridão

sejam perdoados os sonhos, todos os sonhos, os anoitecidos

e os acordados

as palavras ditas, as não ditas, as presas no abdômen,

as escritas em papel, em corpo e as tatuadas na alma

os sussurros, os gritos com ou sem propagação

sejam perdoados os olhos que veem, os ouvidos que ouvem, a boca que fala e silencia

sejam perdoados os conflitos gerados dentro de cada universo

os homens e as cópias e os fantasmas que assustam

sejam perdoados os desejos

Margarida Di

Margarida Di
Enviado por Margarida Di em 07/03/2017
Reeditado em 07/03/2017
Código do texto: T5933160
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