La frontière

Espero lembrar qual o roteiro da grande emigração. Estive inconsciente durante anos. Na verdade ainda estou pois na maior parte do tempo não sei o que se passa, algo como imergir no mar e esquecer da superfície. Você vive como um mamífero de guelras. Dizem que sou melancólico, é por que não me enxergam o espírito, este é vivaz. Meus olhos trazem todos os delírios físicos pois eles captam a matéria. Alguns me acham belo, outros me estranham, alguns me fascinam, muitos nem tanto. Sou apenas uma alma em evolução assim como todas as outras. Suscetível à amores, amores, amores. Amore. Ela me chamava assim, de Amore. Luz e trevas cerram fogo no espaço. Ela é minha luz. Clareia, mas arde. Ela. Somente ela é capaz de espraiar meu peito em pavor de amor. Espero relembrar isso nos amanhãs. Dar a mão pra ela me guiar seja onde for. Ter a paz de acordar em algum lugar, olhar pro lado, e vê-la assim comigo. A me olhar com esses olhos de quem sabe brincar com facas. Não sou assim, mas quando bem induzido, vou ao extremo. Eu sobrevivo desse veneno chamado Aurora. Tão longe quanto o fim, tão perto quanto o ar. Aurora. Aurora. Aurora. Aurora! Seu nome nem é esse mas a invoco feito um mantra. Fecho os olhos, estico os lábios tentando lhe beijar. Apenas um beijo e eu poderia suportar macio essa missão. Sei que estou sendo insistente, incompreensível, ingênuo. Mas que se foda. Será que noutros planetas leem-se tumblr? Forever and after. Um bebezinho de 4 metros que cabe no meu coração.

Cristiano Corrêa
Enviado por Cristiano Corrêa em 08/03/2017
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