VENTO NORTE
 
O que me pesa é o passado.
Foram dias longos,
Madrugadas intensas.
 
Uma vida,
Verdadeira...
 
Com todas as chances e perdas,
Os erros no tempo errado,
Os acertos, flutuando no quando.
 
Tentei evitar o corte,
Mas a lâmina curva da foice
Teve como destino as minhas entranhas.
 
Criaturas estranhas cruzaram meu caminho.
Fingindo amor, tranformaram dentes em presas,
Rasgando minha pele e sangrando minha alma.
 
Perdi as minhas digitais
Acariando o couro invisível da falsidade.
 
Quantas horas contei, perdidas,
Nos cantos em que me escondi,
Da vida...
 
Ah, meus olhos!
 
Eu não sabia 
Que a nudez 
Fosse capaz 
De cegar o homem.
 
O céu tornou-se apenas senhor das chuvas,
O mar, tristemente, afogou a esperança,
O que flutua agora 
É o reflexo que não se firmou no espelho.
 
Torna-me-ei velho,
E sem a sabedoria dos anciãos,
Meu coração será o símbolo
Da flecha que trespassa 
O músculo que insiste
Em palpitar,
Aquém de qualquer motivo.
 
Eu pisei nos sonhos que plantei.
 
A lógica matemática dos pensamentos
Não definiu o resultado
Dessa equação sem fim.
 
O amor é o lírio despedaçado
Que brotou das minhas lágrimas.
 
Páginas futuras
Poderão vir a ser um livro,
Mas agora,
 
Quando sopra o vento norte,
A morte vem a galope.
 
 
Mário Sérgio de Souza Andrade - 09-03-2017
 
"Quem deve para a vida, será cobrado pela morte"
MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE
Enviado por MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE em 09/03/2017
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