Corredor da Morte

Congelam a alma o sol e o frio,

No meio do mapa, passa um rio,

Remido do sangue derramado

Na Guerra de Quatorze;

O tempo e o vento

Contam histórias lá de baixo do Equador – do Rio Grande –

Insurreições e conflitos,

Nenhuma novidade

E denunciam a invasão moderna da Amazônia:

As folhas das árvores respondem Amém!

Outubro e novembro são águas passadas,

Dezembro já vem

Depressa, como cavaleiro,

Esporeando o lombo dos dias anteriores,

Chicote aqui, chicote acolá,

Ansiando pelo corredor da morte

Para nos mostrar;

Outras vozes, além do vento,

Esparramam ditos assim:

A bem da verdade, tudo é fumaça

Na vida que passa, na gente também.

(Belo Horizonte, MG/1972)

William Santiago
Enviado por William Santiago em 16/03/2017
Reeditado em 16/03/2017
Código do texto: T5942725
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