Nada
    O sussurro do vento
     Vozes de tormento
     choro de criança no
     colo do pai que não havia
     Uivos de lobos à mistura
     com mistérios da noite escura.
     O pó da terra a pedir que a luz
     do sol lhe viesse acudir.
     E não vinha.
     Mandava neve e água congelada
     ide vós, agora é ali a vossa morada.
    A flor, galho só, a resistir, não chorava
    nem rezava.
    Os animais, sorte das andorinhas,
    iam-se para outro lugar.
    outros optaram por se aclimatar
    tornaram-se resistentes ao frio
    quase polar.
     Cães e gatos disputavam com  gente
     o calor da lareira,   contentavam – se com
     migalhas de pão que às vezes caiam ao chão.
     Há quem ainda guarde daquilo boas lembranças.
     Quem será?
     Só se for algum dono do quarteirão  se achando
     mais do que o presidente da nação
     enquanto o povo era só privação.
                                            Lita Moniz
             África
            Angola e Eu
     O velho candeeiro sorriu
     Encantado!
     Ali as pedras também falam e
     contam façanhas de amedrontar
     melodias...
     Canto Kizombas em noites de
     maiombolas
     Dos espalhos  de  meus
     ancestrais apenas saudade
     Em mim os passos da nostalgia são fugazes
     O capim tem medo da verdura
     que de mim  se esconde
     Ó África minha!
     Deixa-me ecoar teus verbos nas cercanias da aurora
     Mata
     minha fome com o cintilar do teu capim agora!
     Ó Mátria!
     Sou a luz escrita no emblema
     da África flutuante.
     Sou marfim no florir do
     canto europeu
      Sou eu a história que o mundo encantou
                                   Ngonguita Diogo