Só papel
Papel é só papel.
Molhou, desmancha.
Sujou, vira uma mancha.
Amarelado, solto ao léu.
Tão frágil e sem valor.
Dobrou, amassa.
Queimou, vira fumaça.
Não resiste ao calor.
Um toque de grafite ou tinta,
Acaba sua fragilidade.
Ganha o dom da eternidade.
Se escrito for em poesia.
Idéias e sentimentos,
Não queimam, não viram cinza.
Nem água borra a tinta,
Do que se escreve no pensamento.
E o primeiro desses versos,
Perdeu o significado,
Por esse poema rabiscado,
Num mero papel eterno.