Atraso ( no dia que a nossa ampulheta atrasou)

Era tarde,

Era tarde!

A unha ruída, lascada e suja do tempo arranhou o mais altivo dos veludos,

e era tarde.

Sim, meu amor é tarde.

E vai envelhecendo nossa paz,

já não precisas de mim para me amar,

é tarde, é tarde pra dizeres que me ama,

(porém, você me ama! e todos aqueles bêbados do bar sabiam disso por mim)

E eu tardo

você tarda,

só nosso amor não tarda.

Nosso amor se tarda morre como uma ampulheta quebrada,

num dia em que uma ampulheta atrasar.

Era tarde.

Era tarde.

E até nosso abraço te atrasa,

atrasa sua vida nova,

vida nova amor,

vida que não tarda,

mas que ainda vai comer seus ponteiros pra que não notes que estas de novo atrasada.

Mas calo-me como o relógio daquele bar,

Eu sim tardei.

Era tarde.

Era tarde.

A verdade é que a vida atrasa,

quando quem sente não sabe como sentir...

e atrasa!

( e se acaba)

E nunca mais se acha na correria dum atraso.

Até o dia em que o desejo perde a pose,

(é tarde, é tarde)

e a lembrança é que tarda em nos deixar ser nós mesmos...

E das mãos fica a lembrança dum longo abraço,

dum cigarro amassado,

dum amor que não cabe mais num desconforto do atraso.

Amanda Cristina Carvalho
Enviado por Amanda Cristina Carvalho em 07/08/2007
Código do texto: T596536
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.