Mito da caverna

Platão dizia que estamos habitando uma caverna cuja a única manifestação de vida consiste em projeções de sombras nas paredes de modo que consideremos como vida apenas o que ali incide. Mas a existência de sombras demanda luz. Segundo Platão, a luz seria uma fogueira crepitando detrás dos seres contempladores de sombras. Certa vez alguém ousou averiguar se isso era realmente verdade e encontrou algo ainda mais estranho. Além da fogueira, havia um túnel levando à superfície, era possível ver e sentir sua intensa claridade. Resolveu subir. Foi penoso. O sol cegou seus olhos pois até então sua visão só alcançava sombras, pensou seriamente em desistir, aquilo era intenso e real demais, olhou pra trás e viu sua cômoda caverna como que o invocando ‘deixe de besteira, isso não enche barriga’ mas tão vivaz descoberta não poderia ser ignorada. Abriu seus olhos com muito esforço e pode avistar um mundo incrivelmente novo e bem mais autentico do que outrora. Feliz, decidiu voltar e partilhar a experiência com sua coletividade. Obviamente ninguém acreditou, o chamaram de louco e se acorrentaram ainda mais forte as paredes da caverna, admirando suas miragens como se a existência toda fosse resumida em sombras deslizando nas paredes. De tempos em tempos aparecem seres por aqui dizendo e ilustrando a mesma coisa, e nós, continuamos acorrentados alimentando essa fogueira com puro medo e tristeza vislumbrando o grande dia em que as sombras saltarão das paredes e dançarão valsa sorrindo conosco. No fundo há sempre aquela voz martelando 'luz, quero luz’ pois como diz o poeta, 'a alma sabe que além das cortinas, são palcos azuis’.

Cristiano Corrêa
Enviado por Cristiano Corrêa em 18/04/2017
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