Sou água

Estou onde a palavra não alcança

Sou o que não é dito

O que não se lê

Vivo nas entrelinhas, naquelas que poucos enxergam

Nada me descreve, nem prescreve

Estou onde ninguém pensa

Acima do bem e do mal teus olhos não me acham

Sou a nota que destoa

O disco que ralou

A música nunca cantada

O peso que você carrega

Sou o que você tenta apagar e não consegue

Sem tino giro por aí

Com o destino me encontro e o faço

Sou a água que não mata a sede

A rebelião dos insensatos

Uma errante que se perde na bruma dos tempos

Que renasce na brisa da manhã

Da manhã que suas palavras são ditas

E conseguem agora me acompanhar

Cheio de receios você me decifra, consegue ler-me enfim

Já consegue cantar minha música

Juntar todas as notas

E por fim me carregar levemente

Para beber- me feito doce vinho

Já não vivo por aí

Vivo para ti,

Para feito água insensata e ousada escorrer em ti.

Carla Neumann
Enviado por Carla Neumann em 19/04/2017
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