Dor

Dor insana que me causaste

Dor forte no peito que usaste

Dor aflita que docemente me inflama

Dor cínica presente no desalinho de minha cama

Essa dor fria, velha amiga

Essa dor esguia, há muito não me liga

Essa dor bandida, meu rumo e meu norte

Essa dor parida, nascida de minha morte

Já não há luz, caminho, estrada

Já não há pardais, nem o riso da chegada

Já não há amigos, não mais a cauda que abanava

Nem mais a escrita que a velha pena inventava

Nem mais o amor que de meus sonhos fluía

Nem mais a arte que a minha arte redimia

* Margô Antunes

07/08/07

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* Margô Antunes é pseudônimo de Marcelo de Andrade